Fossa Séptica – Cuidados e Orientações
Fossa séptica, fossa e filtro, biodigestores, estações compactas – Fala sério! Dá um trabalho saber qual é a melhor alternativa para tratar o esgoto doméstico, não é mesmo?
Por isso, minha missão nesse post é te apresentar as principais soluções que temos aqui no Brasil, seus prós e contras e finalmente te ajudar a escolher a melhor delas para seu caso! Então, sem mais demora, vamos nessa!
Primeiramente…
É preciso deixar bem claro que existem diversos motivos pelos quais você precisa fazer o tratamento do esgoto de seu imóvel, mas o principal deles, e aquele que te diz que você não deve economizar neste quesito, é a saúde! Afinal, não seria nada interessante saber que você ou mesmo seu vizinho, pode estar tomando água com esgoto infiltrado, o que pode ocorrer em casos onde o consumo de água de uma residência é proveniente de poços artesianos, geralmente utilizados em áreas que não contam com o sistema de distribuição de água e nem coleta de esgoto municipal.
Aliás, se esse é seu caso, não basta se preocupar apenas com o tratamento que você dá ao seu esgoto, mas também de todos os seus vizinhos, pois um tratamento inadequado pode causar doenças em toda a comunidade ao seu entorno. Principalmente em regiões de chácaras que comumente utilizam a fossa séptica e possuem alta circulação de pessoas.
Se tratando de esgoto…
Se engana quem acha que tratar esgoto é algo difícil. Na verdade, a própria natureza faria isso numa boa se não fossemos tantos Homo sapiens sapiens espalhados por aí. Mas o processo em sí, mesmo nas estações mais avançadas, continua sendo 100% biológico e dependente da natureza, com o uso mínimo de produtos químicos.
Basicamente, existem duas etapas principais de tratamento biológico de esgoto. A primeira delas é a etapa anaeróbia – A mesma (e única) utilizada nas fossa sépticas e a etapa aeróbia, que em resumo é a adição de ar em uma câmara posterior a uma ou mais etapas anaeróbicas.
Eu sei que a princípio pode parecer dificil de entender essas nomeclaturas e que comumente ligamos o termo aeróbio ao aeróbico da academia. Então vou explicar de um jeito simples a diferença destas duas etapas e porque elas se complementam.
A Etapa Anaeróbia
Quando o esgoto é lançado, seja aonde for, ele naturalmente irá se decompor parcialmente graças às bactérias presentes no próprio esgoto. Essas colônias de bactérias irão consumir a matéria orgânica do esgoto, transformando-o em um lodo. Quando jogado diretamente na natureza, essa remoção é de aproximadamente 25%. Já em uma fossa séptica no famoso sistema fossa e filtro, esse índice pode atingir até a média dos 60%. Isso porque, além de termos duas etapas de tratamento neste sistema, adicionamos o filtro aneróbio, que é composto de um elemento chamado de meio suporte, que retém algumas colônias de bactérias e consequentemente aumentam a capacidade de consumo de uma estação como a fossa séptica.
A Etapa Aeróbia
Já quando adicionamos uma terceira etapa após o filtro anaeróbio temos oficialmente uma estação compacta de tratamento de esgoto. A diferença é que, o esgoto que ainda tem cerca de 40% de carga orgânica será agora consumido por um outro tipo de bactéria. Ou seja, se na fossa séptica temos colônias de bactérias que se multiplicam em ambientes anaeróbios (sem ar), com a injeção de ar um novo tipo de colônia que se prolifera na presença do oxigênio consome quase todo o restante das cargas orgânicas. Dessa forma podemos alcançar uma remoção acima de 95% da carga orgânica inicial.
Como saber qual tipo de estação preciso?
A resposta é até meio óbvia, mas vou te explicar com alguns detalhes. O primeiro passo é consultar a legislação de sua região (quais orientações os órgãos ambientais de sua cidade indicam para a lida com seu efluente). Geralmente, áreas rurais que não possuem lençol freático aflorado e nem tão próximo da superfície podem fazer a infiltração do efluente tratado em sumidouros, que são buracos feitos no solo com o aditivo de alguns elementos como britas, por exemplo. A função do sumidouro é dispersar o restante da matéria orgânica para que o próprio solo faça a decomposição do esgoto separando-o da água limpa.
Já em regiões próximas de rios e com lençol freático aflorado ou próximo do solo, um tratamento feito com estações comapctas de tratamento de esgoto se faz ncessário para que você possa infiltrar a água com segurança ou mesmo lancá-la em corpo hídrico (como rios e lagoas, ao exemplo).
Uma outra possibilidade nesses casos é fazer a aspersão dessa água tratada, uma vez que além de muito limpa, possui excelentes nutrientes para a irrigação. Este é um modelo de reúso de esgoto tratado que vem aumentando bastante no Brasil, além de ser uma maneira mais sustentável de lidar com o efluente tratado.
Ah, mas e os biodigestores?
Via de regra: Evite-os! A grande maioria dos biodigestores “de prateleira” não atendem normas básicas para o tratamento de esgoto como a NBR 7299/93 e NBR 13969/97, apesar de muitas empresas prometerem este feito! Por isso, exija sempre um laudo técnico caso decida arriscar-se neste tipo de produto.