Ainda que tenha deixado de ser o assunto do momento, a crise hídrica ainda está muito presente no cotidiano de todos nós. O nosso relacionamento com a água ainda não é saudável e equilibrado.

O ano de 2014 foi marcado pela maior crise hídrica que o sudeste do Brasil já enfrentou, o que gerou impactos na economia como um todo e no abastecimento de energia elétrica com aumento das tarifas e a persistência da chamada Bandeira Vermelha até 2016, segundo especialistas.

A região sudeste, tida como região propulsora econômico-financeira do país, passou por problemas com a produção agropecuária e com a indústria em decorrência da crise no abastecimento de água.

A produção da indústria sofreu grande impacto com racionamentos e rodízios de água como ocorreu na região metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, entre fevereiro e maio deste ano com vistas a reduzir em 30% o consumo de água, de acordo com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Wagner Soares Costa, tais medidas impactaram diretamente na produção e, consequentemente, na adequação do pessoal, ocasionando demissões.

Segundo Costa, porém, ainda que ocorram danos, como no caso das demissões, as adequações para o uso da água possibilitam as empresas adequarem-se sem paralisarem totalmente suas atividades.

Outro setor afetado na economia mineira foi o da tradicional produção de laticínios, onde mais de 237 mil produtores e 956 indústrias foram afetados e tiveram a produção reduzida ou comprometida.

Atividades alternativas

Na contramão de tudo isso está outra região do país que também trabalha com laticínios: a cidade de Prata, no Cariri paraibano.

Contando com incentivos da prefeitura e do governo do estado da Paraíba, os produtores vem investindo no gado caprino para a produção de leite e derivados.

Historicamente referidos pelo antropólogo Darcy Ribeiro como resistentes, os caprinos logram na caatinga, bioma onde a água sempre foi escassa, o que outros tipos de rebanho não conseguem: sobreviver e reproduzir-se e, com isso, possibilitam aos pequenos produtores daquela região obter seu sustento.

A implantação do projeto conjunto entre os governos estadual e municipal possibilitou, segundo o prefeito de Prata, Júnior Queiroz, a geração de aproximadamente 100 empregos diretos nas propriedades rurais e mais 200 indiretos na cidade. Além disso, a produção de leite do município que antes era de 250 litros por dia subiu para 1.500 litros.

Todo o leite produzido é encaminhado a uma usina onde é processado, envasado e adquirido pelo governo no estado, quando é repassado para famílias carentes através do Programa Leite da Paraíba.

A equipe Eco Casa apoia atividades econômicas alternativas e que façam uso consciente dos recursos hídricos. Leia também esses outros artigos sobre a crise hídrica:

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