O Aniversário Insustentável - 1 Ano do Racionamento em Brasília - Blog da EcoCasa

O Aniversário Insustentável – 1 Ano do Racionamento em Brasília

Há um ano, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) interrompeu por um dia o fornecimento de água para cerca de 480 mil moradores de Recanto das Emas, Riacho Fundo II e de parte de Ceilândia, cidades do Distrito Federal. (EBC)

Nessa terça-feira (16) completou-se um ano desde o início do racionamento de água no Distrito Federal. Tal ação é resultante da maior crise hídrica da história da capital federal. O aniversário não traz motivo algum para comemoração, visto que a racionalização segue sendo uma necessidade sem previsão para terminar.

A data adquire ainda mais relevância no cenário em que se encontra, por conta do fato de que a cidade de Brasília receberá em março o Oitavo Fórum Mundial da Água, o mais importante evento sobre o tema em todo o mundo, que acontecerá pela primeira vez na América do Sul.

Muito falou-se nas últimas décadas sobre a importância das questões ecológicas e da preservação de nossos recursos naturais. Campanhas carimbam jornais e revistas e sempre são apresentadas entre comerciais nas emissoras da televisão, seja a aberta ou fechada.

Os livros de história e geografia apontam a importância da construção de uma consciência ecologicamente correta e o tema é frequentemente abordado nas mais importantes e concorridas provas de vestibular ou até mesmo de concursos públicos do nosso país.

Campanhas, livros, filmes, documentários, gibis, séries, programas de TV, de rádio, podcasts, blogs, vlogs, entre tantos outros formatos. Em qualquer tipo de meio de comunicação é possível encontrar algo relacionado à preservação da natureza. Mas por que tão pouco disso tudo tem sido aproveitado?

Para Oscar Cordeiro Netto, ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) e professor da Universidade de Brasília (UnB), parte do problema está na falta de incentivos. Em entrevista para o portal G1, Cordeiro disse que: “O reúso da água, por exemplo, é uma questão que deveria ser mais valorizada. A quem interessa fazer o reúso? A muitos, mas “desinteressa” a poucos que acabam atrapalhando. Deveria existir uma política de incentivo ao reúso da água, ao aproveitamento da água da chuva. Mas você não vê isso”.

Portanto, é válido questionar a criação massiva de conteúdo para campanhas, enquanto o estado não oferece tutela suficiente para sustentar uma participação efetiva da população nas políticas de preservação. Conscientizar as pessoas é sem dúvida o primeiro e mais importante passo para mudar esse cenário tão preocupante, mas o modo correto de fazê-lo seria aplicar, além das campanhas, incentivos (fiscais, por exemplo) que façam com que as pessoas se interessem mais e busquem pelas soluções verdes.

Outro importante ponto abordado na mesma entrevista foi um trecho em que Benedito Braga, presidente do Conselho Mundial da Água e secretário de Saneamento e Recursos Hídricos de São Paulo, chama a atenção para a região Sudeste e Centro-Oeste do país, onde, segundo ele: “(…) a chuva é mais generosa, há uma tendência de as pessoas não se preocuparem com o recurso. É como um sujeito com milhões e milhões de reais no banco, ele gasta à vontade.”

Mas essa generosidade já se provou insuficiente para tal demanda não conscientizada. Em São Paulo, tivemos recentemente a tão comentada crise hídrica, que ocorreu entre os anos de 2014 e 2015. No episódio em questão, os reservatórios do Sistema Cantareira chegaram a atingir 3,9% de sua capacidade, mais precisamente em Outubro de 2014. O cenário melhorou consideravelmente até 2016, mas de 2017 para cá, a capacidade do Sistema vem decaindo e já preocupa os especialistas. Os percentuais, que beiravam os 67% em março de 2016, iniciaram 2018 abaixo de 50%.

Enquanto políticas de incentivo, como por exemplo o IPTU Verde, não forem disseminadas e trazerem consigo benefícios que corroborem com a viabilização de novas tecnologias, infelizmente será difícil esperar maior efetividade das campanhas ecológicas.

No entanto, há o conflito da urgência. Esperarmos sentados de nada vai adiantar. Se buscamos alguma melhora no mundo, é necessário corrermos atrás e fazer o possível para ajudar nosso planeta.

Você sabia que é possível reduzir seu consumo de água pela metade apenas aproveitando água de chuva? Saiba clicando nesse artigo: ÁGUA DE CHUVA: QUAL O MELHOR MODO DE CAPTÁ-LA E COMO UTILIZÁ-LA DE MANEIRA EFETIVA?

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