Quem assiste aos noticiários logo nos primeiros meses do ano já está até acostumado com as matérias sobre alagamentos em grandes centros urbanos. Em 2020 não foi diferente, cidades como Belo Horizonte e São Paulo são as que mais sofrem com este problema antigo e que, aparentemente, ainda está longe de ter uma solução.

Mas a pergunta que não quer calar é: Quem é o verdadeiro responsável por este problema?

Obviamente, a crescente densidade demográfica das cidades e uma falta de planejamento no desenvolvimento das mesmas acarretaram ao longo do século este grande problema que também só pode ser resolvido a longo prazo. Neste caso, não cabe culpar somente o governo, pois existe irresponsabilidade em todas as esferas.

É papel da gestão pública ser mais criteriosa na execução dos Planos Diretores. Belo Horizonte, por exemplo, tem estabelecido em seu plano 930 km de corredores verdes, porém ainda não existem prazos específicos e segundo o artigo publicado no diário O Tempo, o plano ainda é bastante genérico.

Já quando olhamos para a responsabilidade dos cidadãos, o cenário não é muito diferente. Há muito, diversos municípios do Brasil já possuem uma legislação específica para diminuir os impactos da impermeabilização do solo, principal responsável pelas enchentes. As ações são relativamente simples, como deixar uma parte do solo livre de coberturas impermeabilizantes, utilizar um tanque de retardo para compensar a área impermeabilizada, ou até mesmo fazer o aproveitamento de água da chuva com o uso de cisternas.

Ainda falta por parte do poder público políticas de incentivo para o aproveitamento de água da chuva, mas isso não pode servir de desculpa mediante a um problema tão grave a ser resolvido. Aliás, o uso de cisternas para o aproveitamento de água da chuva se tornou uma prática comum numa situação contrária, justamente na crise hídrica de 2014.

Na época, as cisternas se tornaram popular justamente pela ideia de economia do recurso, hoje precisamos disseminar um benefício ainda pouco conhecido sobre este sistema, que é justamente o retardo da água da chuva e a compensação das áreas impermeabilizadas.

Se as cisternas fossem uma tecnologia utilizada em larga escala, assim como tem ocorrido com a energia solar fotovoltaica, haveria uma redução drástica no volume de enchentes, as pessoas poderiam usufruir de benefícios como a economia na conta de água e de quebra reduzir muito a pressão sobre os sistemas naturais de água.

Por mais que as leis sobre retardo de águas pluviais estejam vigentes, sabemos que outro problema conhecido é a ausência ou déficit de fiscalização para este ponto específico da construção civil.

Por isso, nós da ECOCASA preferimos apelar para um outro ponto de vista, diferente da legislação: A Conscientização.

E você? Já se atentou a área de construção de seu imóvel, se há área livre de impermeabilização para o escoamento da água da chuva? Este é um exercício simples, mas muito importante. Uma boa ideia, inclusive, é trocar o concreto pelos jardins e as calçadas pela grama, sempre que possível.