No último mês de novembro a Unesp (Universidade Estadual Paulista), realizou uma série de entrevistas com especialistas intitulada Água, matéria primeira, cujo objetivo era levar ao debate sobre o uso que fazemos da água e alertar sobre sua escassez.

Um dos entrevistados foi o Prof. Dr. Jefferson Nascimento de Oliveira, professor no campus de Ilha Solteira da Unesp, especialista em Engenharia Hidráulica e Saneamento  e  membro do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, que falou sobre como nos relacionamos com a água.

De acordo com Oliveira, nossa relação com a água não é saudável. A noção deturpada de que temos posse das maiores reservas de água doce do mundo e, por isso, podemos utilizá-la à vontade, é um aspecto muito prejudicial da nossa cultura.reaproveitamento-de-agua

Veja outros pontos destacados por Oliveira em relação à Água:

  • Tratamento e distribuição: em algumas localidades, como é o caso da região metropolitana de São Paulo, os recursos para captação, tratamento e, principalmente, uma distribuição eficiente dessa água tem se tornado um problema cada vez mais grave;
  • Aplicação da legislação: apesar de o Brasil contar com um moderno conjunto de leis que rege a utilização da água, estas leis não são aplicadas da forma correta. Falta entrosamento entre as várias instituições responsáveis pela regulação no uso da água. É necessário que os objetivos todos sejam convergidos para o mesmo lugar e que se evitem os choques de interesse;
  • Taxação correta sobre a utilização da água: a chamada “exportação virtual da água”, como é a chamada uma atividade na qual é necessária a utilização de grandes quantidades de água em seu processo produtivo como na mineração e na cultura da soja, por exemplo, deixa de arrecadar recursos importantíssimos que poderiam ser investidos em preservação dos mananciais explorados, entre outras destinações, por que a taxação sobre a água extraída é inexistente ou muito abaixo do que deveria ser;
  • Repensar as prioridades: para citar um exemplo, há localidades no Brasil onde há sinal de telefonia celular, mas não há água tratada para a população. Esse descaso com as necessidades básicas do cidadão converte-se em graves problemas de saúde que custam muito mais aos cofres públicos por sobrecarregarem o SUS, do que custaria tratar e fornecer água à população.

Um novo caminho

Para Oliveira, uma das soluções para este problema, é que o país reveja seu posicionamento econômico, deixando de ser exportador de matérias-primas e mudando sua matriz exportadora para produtos manufaturados ou semimanufaturados, o que diminuiria o impacto hídrico.

Outro ponto, o mais importante de todos, é que é necessário repensar nossa educação, como sociedade, em torno do uso da água.

Conscientizar a população para a preservação das fontes de água e seu uso sustentável só é possível quando essa população é integrada a sua demanda, aproveitando da água de chuva, por exemplo, o que a leva a cobrar ações efetivas dos órgãos gestores dos recursos hídricos.

Para Oliveira, nós perdemos a “década da água”, proposta pela ONU para o período de 2005 a 2015, quando deveríamos ter solucionado uma série de problemas. Em vez disso, esses problemas se agravaram.

O emprego de novas tecnologias para tratamento e reuso da água, bem como a utilização consciente, são bandeiras defendidas pela equipe EcoCasa. Entre em contato para saber como você pode fazer sua parte.

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